COMO A NEUROCIÊNCIA PODE MELHORAR SEU DESEMPENHO NO TRABALHO
- Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
- Aug 7
- 8 min read

💼 Como a Neurociência pode transformar sua forma de trabalhar?
O mundo do trabalho mudou. A correria, as distrações constantes, o esgotamento mental e os modelos cada vez mais híbridos e tecnológicos exigem uma nova forma de pensar — e, principalmente, de agir.
É aí que entra a neurociência. Ao entender como o seu cérebro funciona, você pode tomar decisões mais inteligentes, preservar sua saúde mental e melhorar seu desempenho. Não se trata de trabalhar mais, mas sim de trabalhar melhor — com o cérebro como aliado.
🧠 1. Entender o cérebro é entender o trabalho

Seu cérebro é o principal equipamento de trabalho — seja você médico, designer, professor ou empreendedor.
A neurociência mostra que funções como foco, motivação, energia, memória e tomada de decisão dependem de áreas específicas do cérebro, como:
🧩Córtex pré-frontal:
Localizado na parte da frente do cérebro, logo atrás da testa, é a região mais anterior (frontal) do lobo frontal, daí o nome "pré-frontal". Fica à frente do córtex motor primário (que comanda os movimentos voluntários), e ocupa os dois hemisférios cerebrais.
É uma área de associação, e como grande parte do cérebro é um conjunto de subáreas. É normalmente divida em duas grandes áreas, os hemisférios laterais, ou dorsolateral, e a superfície medial, ou ventromedial. A primeira é especializada no autocontrole (seguir as regras), planejar estratégias e é usada como base para a memória de trabalho (memória que guardamos por um curto de tempo para uma atividade pontual), e a segunda é aquela que antecipa as orientações necessárias para se chegar a um objetivo.
Sendo assim, as principais funções do córtex pré-frontal são: planejar, resolver problemas, manter o foco.
💥Sistema límbico:
O sistema límbico é o conjunto de estruturas chamadas corticais e está localizado na parte interna (profunda) do cérebro, entre o córtex cerebral e o tronco cerebral.
Algumas estruturas que estão incluídas são: área subcalosa, giro do cíngulo, giro para-hipocampal, o hipocampo, amígdala, parte da ínsula e as porções medial e orbital do córtex pré-frontal. Essas estruturas nem sempre atuam em conjunto, mas tomadas em conjunto são responsáveis por receberem e distribuirem as regiões responsáveis as informações multissensoriais, somáticas e viscerais. Quer dizer, elas são diretamente resonsáveis nos processos de resposta emocional e motivacionais, na memória, aprendizagem, no controle do sistema nervoso autônomo e nas interações neuroendócrinas.
As principais funções são então: emoções, motivação e recompensa.
⚠️Amígdala:
A amígdala é uma estrutura cerebral só. É uma região de substância cinzenta, localizada profundamente no cérebro, no interior do lobo temporal (parte de trás do cérebro), e acima e à frente do hipocampo. E seu nome é esse pois acham que ela se parece com uma amêndoa.
Mesmo se tratando de uma pequena e única estrutura, ainda há uma subdivisão e funções diferentes atribuídas a cada região. Há a região centromedial, é aquela que se liga ao sistema olfatório, participa de respostas emocionais e está projetada para o hipotálamo. Na região basolateral é por onde chega a maior parte das informações sensoriais, principalmente aquelas ligadas a dor, medo, raiva, ansiedade e sensações vicerais, em quase sua maioria, depois de terem sido processadas em outras áreas do cérebro. (Senão acontece aquela história do sequestro da amígdala, lembra?)
Essa pequena parte do cérebro é importante por conferir significância às nossas experiênciais cotidianas através das relações que faz das interações que temos com o meio externo com as necessidades do organismo desencadeando respostas autônomicas e comportamentais condizentes com o momento.
Suas principais funções: respostas ao estresse e ameaças.
🎯Dopamina:
Uma substância química produzida no organismo chamada de neurotransmissor, ou seja, uma substância encarregada de transmitir a mesangem de um neurônio para o outro. Ela não tem localização exata, podendo estar expressa em todo o corpo humano (dopamina do cérebro e dopamina do corpo tem funções diferentes).
A dopamina, quando no cérebro, age em neurônios que contribuem para o comportamento, atividades motoras, motivação, recompensa, regulação do sono, humor, ansiedade, atenção e aprendizado, por exemplo. Mas é ainda mais relacionada às situações relacionadas ao prazer e sistema de recompensa. Esse é o principal culpado pelas dependências e vícios, pois o que ele causa o prazer imediato com a sua liberação, e na busca por esse prazer imediato as pessoas buscam repetir o ato que causou tal sensação uma, duas, três vezes e assim em diante.
Agora a sua deficiência causa o tédio, pois não tem a liberação da substância da animação, do prazer. Por isso, sair da rotina faz bem.
Principais funções do neurotransmissor-chave: motivação e prazer.
Ou seja: trabalhar sem entender o cérebro é como dirigir sem conhecer os controles do carro. 🚗🧠
🔁 2. Reprogramando hábitos improdutivos

Você já tentou mudar seus hábitos de trabalho e voltou para os mesmos padrões?
Isso acontece porque seu cérebro funciona por repetição e economia de energia. Mas é possível reprogramar hábitos com base na neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de criar novas conexões e aprender padrões mais saudáveis.
Aliás, a neuroplasticidade não é apenas uma capacidade para ser usada no âmbito organizacional. Essa habilidade do cérebro é um ótimo aliado para criar resiliência já que com uma capacidade de pensamento mais flexível e criativo, mais fácil é de se adaptar as mudanças e a desenvolver novas habilidades.
Mas voltando para o ambiente organizacional, algumas estratégias baseadas em ciência:
Faça pausas de 5 a 10 minutos a cada 90 minutos de foco. Isso respeita os ciclos naturais de atenção do cérebro (ultradianos).
Use a respiração consciente para regular a amígdala e reduzir o estresse. Uma simples respiração profunda já ativa o sistema parassimpático.
Crie gatilhos visuais ou auditivos para manter o foco (ex: uma playlist específica, ou uma luz ambiente para “entrar no modo trabalho”).
Encoraje mudança comportamentais positivas. Compreeender o seu cérebro, seus limites, respeitar suas emoções, saber como ele procura recompensas e interações sociais, pode promover um ambiente de trabalho mais solidário e produtivo.
Seja empático a si mesmo. Fique atento as suas emoções e sentimentos, e sempre que necessário procure ajuda. Não faça do ambiente de trabalho um ambiente de insegurança.
⏳ 3. Multitarefa, produtividade e fadiga

Multitarefa parece produtiva, mas é um dos maiores ladrões de energia cerebral.
Estudos mostram que o cérebro só consegue focar efetivamente em uma tarefa por vez. Quando você alterna entre tarefas (como responder e-mails enquanto assiste a uma reunião), o cérebro “reinicia” os circuitos cada vez — o que aumenta o cansaço e reduz a produtividade em até 40%. 😵💫
A depressão, estresse e ansiedade estão entre os três primeiros motivos de afastamento médico entre trabalhadores, mostra um estudo da Universidade de Chicago. A fadiga e a perda de capacidade de produtividade são as causas primordiais para que 70% dos trabalhadores ao redor do mundo sintam-se desmotivados com o seu trabalho (dados do Intituto Gallup).
A neurociência a par desta situação, compreende as dificuldades de cérebro distintos com culturas e crenças distintas em um mesmo ambiente podem entrar em conflito. E como forma de melhorar esses tipos de gatilhos individuais, estudos foram realizados para saber métodos de soluções neurocompatíveis para manter-se atento e engajado no trabalho:
⏱️Use a técnica Pomodoro (25 minutos de foco + 5 de pausa) para manter o cérebro engajado.
📦Trabalhe em blocos temáticos: agrupe tarefas semelhantes para reduzir o custo energético e cognitivo de troca de contexto.
🔕Reduza distrações externas: feche abas, silencie notificações e use fones se necessário.
🧠Use técnicas de neurofeedback: aprenda a interpretar o que seu cérebro está sentindo como forma de controlar não só seu cérebro melhor, mas também suas reações emocionais. (O app Muse é uma ótima opção para iniciar esse processo)
🌊Procure o estado de flow! É o momento no qual o corpo e a mente fluem perfeitamente em harmonia – é aquele momento no qual você se perde no tempo, s desconecta do resto. O envolvimento com a tarefa é tão grande, que pode ficar fazendo tal tarefa por tempo indeterminado. E o mais interessante, é que nesse estado, aumentamos em até 5 vezes a produtividade.
🔄Diversifique suas tarefas. Torne seu ambiente menos repetitivo. Altere seu horário de tomar café, faça um caminho diferente para ir ao banheiro. Cria-se um ambiente mais saudável, motivacional, que estimula a autonomia.
🚀Mindset de crescimento. Busca superar suas próprias limitações, tirando do tédio e criando desafios que enfretará com mais entusiasmo.
🧩 4. Soft skills que vêm do cérebro

As chamadas habilidades humanas não são apenas traços de personalidade — elas também têm base cerebral e podem ser treinadas:
Empatia: ativação de neurônios-espelho e do córtex pré-frontal medial.
Escuta ativa: foco sustentado e regulação emocional.
Autogerenciamento: envolvimento do córtex pré-frontal e redução da impulsividade via controle da amígdala.
Confiança: ativa o sistema de recompensa e melhora o tripé da sustentabilidade as organizações com colaboradores mais satisfeitos.
Compartilhe um momento de descanso: libera ocitocina, gerando satisfação pela vida nos conectando com outras pessoas.
Como treinar essas habilidades?
Pratique o “delay da resposta”: respire antes de reagir a críticas ou conflitos.
Use o feedback como ferramenta de conexão, não de correção.
Reflita sobre seus próprios gatilhos emocionais. A autoconsciência é a base da inteligência emocional.
Jogos como paciência e caça-palavras, ajudam no controle do estresse e ansiedade.
Faça carinho em um animal, libera dopamina e serotonina, além de praticar empatia e o convívio social.
Essas técnicas são atividades conscientes que despertam respostas inatas no corpo humano. A prática fará terá como resultado a neuroplasticidade e flexibilidade emocional.
🧘♀️ 5. Bem-estar no trabalho: não é frescura, é fisiologia

Cuidar do bem-estar não é luxo — é necessidade fisiológica para o bom funcionamento do cérebro. Estar cérebro e corpo equilibrados é essencial, pois um não vive sem o outro.
Altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) afetam a memória, o humor e a imunidade.
A privação de sono reduz a atividade do córtex pré-frontal (responsável por decisões complexas).
A alimentação rica em açúcares e ultraprocessados pode aumentar a inflamação cerebral.
O sedentarismo causa a escassez de energia, oxigênio e nutrientes para que o cérebro funcione em pleno potencia.
Altos níveis de estresse interferem em todo o sistema cerebral, mas principalmente interfere nas escolhas, regulação emocional, baixa a imunidade, tensão muscular, dificuldades para dormir e problemas digestivos.
Dicas simples e eficazes:
Estabeleça horários regulares para dormir e limite luz azul à noite.
Faça pequenas pausas para movimento físico durante o expediente.
Faça uma atividade física regular no mínimo 3x por semana por 30 minutos.
Tenha ao menos um ritual diário de bem-estar: leitura, chá, silêncio, música, natureza.
Escolha alimentosmais saudáveis que tenham menos gorduras saturadas e use pouco sal.
Tenha um tempo para si no dia, permita-se identificar e sentir suas emoções.
Um cérebro saudável (com bons pensamentos, autoconhecimento e gestão emocional) cuida melhor do corpo: você dorme melhor, se alimenta com mais consciência, se move com mais prazer.
Cérebro e corpo equilibrados criam um ciclo positivo de saúde, desempenho e bem-estar.Quando um está em harmonia, ele fortalece o outro. Quando um está em desequilíbrio, o outro sofre também.
✅ Conclusão: Trabalhar com o cérebro a favor

Você não precisa de mais esforço. Precisa de estratégias alinhadas ao funcionamento do seu cérebro. 🧠✨
Compreender os ritmos, limites e potências da mente humana pode transformar não só a sua forma de trabalhar — mas também sua saúde, seus relacionamentos e sua realização profissional.
📎 Quer aprender mais? Fique ligado no blog Mind the Brain e acompanhe as próximas publicações.


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