EMOÇÕES E O CÉREBRO: O que estamos sentindo e o por quê?
- Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
- Jul 17
- 5 min read
Updated: Jul 18

🧠 Emoções e o cérebro: o que estamos sentindo e o por quê?
Você já se perguntou por que choramos de alegria, trememos de medo ou sentimos um “frio na barriga” diante de algo novo? As emoções fazem parte da nossa vida cotidiana — e têm raízes profundas no nosso cérebro.
Entender como sentimos, por que sentimos e o que fazer com isso não é apenas uma curiosidade: é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, bem-estar e conexão com os outros.
Neste post, vamos explorar como o cérebro processa as emoções, como elas afetam nosso corpo e comportamento, e o que a ciência recomenda para lidar melhor com elas.
🔍 1. Por que é importante entender nossas emoções?
As emoções não são apenas “sentimentos”: elas funcionam como bússolas internas, sinalizando o que é importante, o que precisa de atenção, o que é seguro ou ameaçador.
São também respostas neurobiológicas: reações do cérebro e do corpo diante de estímulos — externos (como uma situação de perigo) ou internos (como um pensamento).
Segundo Antônio Damásio, as emoções e sentimentos são uma forma de comunicação dos nossos estados mentais aos demais, mas também servem de guia para as tomadas de decisão.
Entender as emoções nos ajuda a:
Melhorar nossas decisões
Lidar com conflitos
Aumentar a empatia e a saúde mental
❤️ 2. O que são emoções, afinal?
Nem todo sentimento é uma emoção. Há uma diferença importante entre:
Emoções: um termo abrangente que se refere a uma variedade de fatores fisiológicos e neuronais que iniciam, sustentam e direcionam o comportamento. São reações rápidas e instintivas, de maneira que não se consegue esconder ou resistir a elas (ex: medo, raiva)
Sentimentos: interpretações conscientes dessas emoções. São as experiências mentais que seguem as emoções e que são sentidas no corpo (arrepio, coração acelerado,...)
🔹 As emoções básicas, descritas por Paul Ekman, incluem:
Alegria: É quando algo satisfaz ou trás bem-estar ao indivíduo
Tristeza: É quando um indivíduo está vivendo algo desagradável e melancólico, ou quando sofre algum desapontamento
Medo: É quando se une o temor e o desespero
Raiva: É quando se une o ataque e a proteção
Nojo: É a reação a alguma coisa repulsiva para o indivíduo, e se une a negação
Surpresa: É uma reação repentina a algo inesperado
Cada uma tem uma função adaptativa — por exemplo, o medo prepara o corpo para reagir a uma ameaça.
🔸 Emoções complexas, como vergonha, amor, ciúmes ou orgulho, são socialmente construídas, envolvem mais processamento cognitivo. Na verdade são derivações das emoções básicas que surgem da combinação ou interação delas e são facilmente influenciadas por fatores culturais e experiências individuais. As emoções complexas também são mais difíceis de serem percebidas quando expressadas, especialmente por que elas podem variar dependendo de como o ambiente moldou o indivíduo.
🧠 3. Como o cérebro processa emoções
As emoções nascem de um sistema integrado entre estruturas cerebrais:
Amígdala: avalia ameaças e ativa respostas emocionais, quer dizer, é um centro especialmente ligado a detecção de eventos de valência emocional associadas ao negativo, como medo e ataque (por isso o sequestro da amígdala! Explico logo abaixo)
Hipocampo: associa emoções à memória, mas mais ainda coordena o nosso comportamento reprodutivo, saciedade, fome, sono, temperatura corporal e a parte de coordenação temporal (sistema nervoso autônomo) que se divide entre o sistema simpático (lutar ou fugir) e parassimpático (repouso ou digestão)
Córtex pré-frontal: regula as emoções e decide como responder a elas. São as escolhas do comportamento para emoções que serão parte da vida, inclusive, como a construção da ética, moral e religiosidade
Sistema límbico: conjunto de estruturas que processam sentimentos, recompensas e motivações escolhendo qual o melhor comportamento para uma dada situação considerando a situação o resultado que se pode ser obtido

🔬 Exemplo prático: durante uma crise de ansiedade, a amígdala “dispara” uma resposta de alarme, mesmo sem perigo real. O córtex pré-frontal tenta regular a reação, mas pode ser “dominado” pela intensidade emocional, sendo isso chamado de “Sequestro da Amígdala”. Quando isso ocorre quer dizer que todo o processo neural que estava acontecendo no cérebro é direcionado para aquilo que interessou, “sequestrou” a amígadala.

🧬 4. Emoções e o corpo: a neurobiologia do sentir

As emoções não acontecem só no cérebro — elas são sentidas no corpo:
Coração acelerado (medo, raiva)
Boca seca, sudorese, frio na barriga
Alterações digestivas e hormonais
Tudo isso envolve o eixo HPA (hipotálamo–pituitária–adrenal), que coordena a resposta ao estresse.
Além disso, o intestino e o coração têm neurônios próprios, que também influenciam como sentimos.
📌 Emoções crônicas afetam:
Qualidade do sono
Imunidade
Memória
Saúde cardiovascular
🌍 5. Emoções no cotidiano

Nossas emoções moldam:
Decisões (ex: compras impulsivas ou decisões racionais)
Relacionamentos (empatia, confiança, conflitos)
Produtividade (motivação, foco)
Criatividade (estados emocionais facilitadores)
🔎 Exemplo: reagir com raiva a um comentário pode gerar conflitos; responder com consciência emocional pode preservar o diálogo.
🧘 6. Regulação emocional: o que a ciência recomenda?
A boa notícia é que podemos aprender a regular emoções com base na neurociência:
Mindfulness: ativa o córtex pré-frontal e reduz a reatividade da amígdala🔗 Pesquisas da Harvard
Respiração profunda: influencia o nervo vago, reduzindo o estado de alerta
Reestruturação cognitiva: mudar a forma como interpretamos eventos
Exposição gradual: enfrentar medos com segurança para reduzir reatividade

Tudo isso é possível graças à neuroplasticidade: a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender.
Os especialistas em emoções Daniel Goleman e Peter Senge apontam trê características que são desafios no mundo “novo” que são grandes desafios na educação infantil e adolecente:
Atenção : está cada vez mais em risco, pois a tecnologia tem tirado o foco e disputa com a realidade. É preciso se desenvolver essa habilidade desde o início para estar sob o controle no futuro
Querer-se o bem : num mundo que está cada vez mais atrás das telas, disrupto da realidade, solitário e individualizado essa prática provoca a atividade empática positiva
Desenvolver o pensamento sistêmico : entender do sistema econômico e da tecnologia e da cultura como um sistema para tomar as melhores decisões e poder potencializar esses sistemas no futuro
Goleman ainda vai mais fundo e cita que a avaliação da vida será uma habilidade fundamental. Saber de todas as etapas do ciclo de vida, o custo real do produto para o ambiente será essencial para se destacar e diferenciar no mercado.

📚 7. Recomendações para aprofundar
TED Talks:
The Gift and Power of Emotional Courage – Susan David
Livros:
How Emotions Are Made – Lisa Feldman Barrett
Emotional Intelligence – Daniel Goleman
Permission to Feel – Marc Brackett



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