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O QUE É NEUROCIÊNCIA COMPORTAMENTAL?

  • Writer: Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
    Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
  • Jul 15
  • 4 min read
O que é Neurociência Comportamental?
O que é Neurociência Comportamental?

🧠 O que é Neurociência Comportamental?

 

Você já se perguntou por que tomamos certas decisões, mesmo quando sabemos que não são as melhores? Ou por que repetimos hábitos, mesmo conscientes de seus efeitos? A resposta pode estar na intersecção entre cérebro e comportamento — ou seja, na neurociência comportamental.

 

Essa área da ciência vem ganhando destaque nas últimas décadas por unir o melhor de dois mundos: o funcionamento biológico do cérebro e o estudo objetivo do comportamento humano. E o mais interessante: ela tem aplicações práticas que impactam diretamente nosso dia a dia — da educação à justiça, da saúde mental ao mundo corporativo.

 

Neste post, vamos explorar com profundidade o que é a neurociência comportamental, como ela funciona e por que ela é essencial para entender o ser humano no século XXI.


🔬 Mas, de fato, o que é neurociência comportamental?


É a curiosidade, emoção, raciocínio, a descoberta. Neurociência do Comportamento é a neurociência do conhecimento e aplicabilidade universal.
É a curiosidade, emoção, raciocínio, a descoberta. Neurociência do Comportamento é a neurociência do conhecimento e aplicabilidade universal.

 

A neurociência comportamental é uma subárea da neurociência que investiga como processos cerebrais influenciam o comportamento. Ela se baseia na ideia de que todo comportamento humano — desde decisões simples até interações sociais complexas — tem uma base neurobiológica que pode ser estudada de forma empírica.

 

Segundo Robert Clark (2019), a neurociência comportamental tem base na psicologia biológica, psicologia fisiológica e na psicobiologia. Sendo todas elas referência a biologia animal, elas também poderiam fazer parte de um único estudo que incluiria motivação, sensoriais, percepção, sono, emoção, aprendizado e memória.

 

Essa abordagem busca entender quais estruturas cerebrais estão envolvidas em funções como tomada de decisão, regulação emocional, motivação, empatia, autocontrole, memória e aprendizado. Ela se diferencia da neurociência cognitiva por ter um foco mais direto no comportamento observável, muitas vezes integrando insights da psicologia experimental e comportamental.

 

🧪 Como ela funciona na prática?

 

Equipamentos usados na neurociência e participantes realizando tarefas enquanto seus cérebros são monitorados.
Equipamentos usados na neurociência e participantes realizando tarefas enquanto seus cérebros são monitorados.

A neurociência comportamental combina experimentos com medições cerebrais para investigar como pensamos e agimos. Os métodos mais comuns incluem:

 

  • Ressonância magnética funcional (fMRI): permite visualizar quais áreas do cérebro são ativadas durante determinadas tarefas

  • Eletroencefalograma (EEG): capta a atividade elétrica cerebral em tempo real

  • Testes comportamentais padronizados: medem reações, decisões e desempenho dos participantes

  • Estimulação cerebral não-invasiva: como TMS ou tDCS, para investigar efeitos causais

 

Por exemplo, estudos sobre autocontrole costumam mostrar que o córtex pré-frontal (área ligada ao planejamento e inibição) é ativado quando resistimos a uma tentação — como comer um doce enquanto estamos de dieta. Já decisões rápidas e emocionais tendem a envolver mais o sistema límbico.

 

A chamada via mesocorticolímbica — um circuito cerebral influenciado pela dopamina — está constantemente avaliando qual comportamento pode trazer mais recompensa em determinada situação. E isso é culpa da dopamina que quanto maior é a sua presença no córtex pré-frontal, menor as chances de se conseguir mudar um comportamento, O córtex pré-frontal não resiste ao grande impulso de dopamina e não consegue conter o impulso. E não só isso, quando se cria novos circuitos que geram valor emocional - onde há a liberação de mais dopamina – a própria dopamina fará daquele evento algo prazerozo.


Ilustração das vias dopaminérgicas mostrando o papel da dopamina e das vias cerebrais na escolha dos comportamentos.
Ilustração das vias dopaminérgicas mostrando o papel da dopamina e das vias cerebrais na escolha dos comportamentos.

 

📚 Pesquisadores e descobertas importantes

 

Vários cientistas contribuíram para o avanço da neurociência comportamental:

 

  • Antonio Damasio: mostrou como emoções são essenciais para decisões racionais (teoria dos marcadores somáticos)

  • Michael Gazzaniga: pioneiro no estudo da lateralização cerebral e comportamento

  • Tali Sharot: investiga como otimismo e viés de confirmação afetam decisões

  • Matthew Lieberman: referência em neurociência social, destaca a importância da conexão interpessoal

  • Joseph LeDoux: estudou como o cérebro processa medo e ansiedade

 

Esses estudos mostram que o comportamento humano não é apenas racional ou emocional — ele é profundamente influenciado por circuitos cerebrais específicos, contextos sociais e nossa história de vida.

 

💼 Aplicações práticas: onde usamos a neurociência comportamental?


Cérebro conectado as diferentes cenas do cotidiano.
Cérebro conectado as diferentes cenas do cotidiano.

 

A grande força dessa área está em suas aplicações no mundo real. Veja alguns exemplos:

 

  • Educação: adaptar métodos de ensino ao funcionamento cerebral dos alunos, respeitando ritmos de atenção, motivação e memória

  • Saúde mental: compreender os circuitos cerebrais da ansiedade, depressão e trauma, e propor intervenções baseadas em evidências

  • Negócios e liderança: aplicar conhecimentos sobre empatia, viés, regulação emocional e motivação para formar líderes mais eficazes

  • Justiça: discutir responsabilidade penal com base em maturidade cerebral e impulsividade (ex.: casos envolvendo adolescentes)

  • Marketing e consumo: entender como emoções e recompensas influenciam decisões de compra

 

Essas aplicações mostram como a neurociência comportamental sai do laboratório e entra na vida real.


⚖️ E os limites? Ética e responsabilidade



A balança entre o conhecimento do cérebro e o quanto se usa dessas descobertas com responsabilidade.
A balança entre o conhecimento do cérebro e o quanto se usa dessas descobertas com responsabilidade.

 

Nem tudo que se estuda no cérebro pode — ou deve — ser aplicado diretamente. A neuroética é uma área que vem crescendo justamente para lidar com essas questões. Entre os desafios estão:

 

  • O risco de determinismo biológico (achar que o cérebro define tudo e ignorar fatores sociais)

  • A manipulação comportamental sem transparência (ex.: publicidade abusiva)

  • O uso de dados neurais para fins questionáveis (ex.: julgamentos legais, recrutamento)

 

Por isso, é fundamental que a neurociência comportamental seja usada com responsabilidade, respeitando a dignidade humana e os contextos sociais e culturais.

 

✅ Conclusão

 

A neurociência comportamental nos convida a olhar para o comportamento humano com mais profundidade e base científica. Ela nos ajuda a entender por que fazemos o que fazemos, com evidência e empatia.

 

Conhecer essa área é essencial para quem trabalha com pessoas — seja em escolas, empresas, hospitais ou tribunais. Mas também é uma poderosa ferramenta de autoconhecimento e transformação pessoal.

 

Afinal, ao compreender como nosso cérebro influencia nossas escolhas, ganhamos mais clareza para tomar decisões melhores — por nós mesmos e pela sociedade.

 



🔖 Referências recomendadas

 

  • Clark RE. The Origins of Behavioral Neuroscience from a Learning and Memory Perspective. Annals of Behavioral Neuroscience. 2019;2(1):197–205. doi:10.18314/abne.v2i1.1697

  • Damasio, A. R. (1999). O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. Companhia das Letras.

  • Gazzaniga, M. S. (2005). The Ethical Brain. Dana Press.

  • Lieberman, M. D. (2013). Social: Why Our Brains Are Wired to Connect. Crown.

  • Sharot, T. (2011). The Optimism Bias: A Tour of the Irrationally Positive Brain. Pantheon.

  • LeDoux, J. (2015). Anxious: Using the Brain to Understand and Treat Fear and Anxiety. Viking.

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