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COMO VOCÊ PODE USAR SEU CÉREBRO PARA TOMAR AS MELHORES DECISÕES?

  • Writer: Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
    Marcela Emilia Silva do Valle Pereira Ma Emilia
  • Aug 28
  • 6 min read
Ilustração de um cérebro dividido entre emoção e razão
Como você pode usar seu cérebro para tomar as melhores decisões?

🧠 Como você pode usar o seu cérebro para tomar as melhores decisões?


Todos os dias tomamos decisões. Desde as mais simples, como escolher o que comer no café da manhã, até as mais complexas, como mudar de emprego ou investir em um projeto. Mas será que sempre decidimos da melhor forma? A neurociência mostra que o cérebro possui mecanismos específicos para a tomada de decisão — e que conhecer esses mecanismos pode ajudar você a escolher melhor.


🔬 O cérebro na tomada de decisão


Esquema mostrando sistema límbico, amígdala e córtex pré-frontal
Esquema mostrando sistema límbico, amígdala e córtex pré-frontal

O processo de decidir envolve diferentes áreas cerebrais. O sistema límbico, que inclui estruturas como a amígdala, é responsável pelas respostas rápidas e emocionais. Ele busca prazer imediato e evita situações de dor. O córtex pré-frontal, por sua vez, é a região ligada à razão: analisa riscos, planeja e regula impulsos. Já a dopamina, neurotransmissor associado à recompensa, influencia fortemente nossas escolhas de curto prazo.


O processo de tomada de decisão em si envolve identificar os estímulos de recompensa que aproximam, assim como os estímulos aversivos que repelem para que os desfechos de longo e curto prazo sejam levados em consideração para a escolha mais adequada.


Nossas decisões, então, tem a influência da emoção, razão, estímulos internos, estímulos externos. Contudo, isso acontecendo dentro do cérebro invoca memórias e sentimentos que na sua maioria é processado inconscientemente.


Segundo o conceito de Daniel Kahneman, estamos sempre funcionando no “piloto automático”, quer dizer, escolhendo a opção com a qual estamos já estamos acostumados a fazer. Porém a tomada de decisão ainda assim envolve o inconsciente e o consciente, ou o Sistema 1 e o Sistema 2, ou 95% não-verbal e 5% verbal, respectivamente.


Neste caso, o córtex pré-frontal é o que está diretamente ligado as escolhas conscientes, pois se dá de forma lenta, controlada, demanda energia, regido por regras e além de só aceita uma escolha por vez é mais flexível em mudar de opinião. Já o sistema límbico está linkado as decisões inconscientes, ao Sistema 1, pois consegue ser multitarefas, é rápido, tem baixa demanda de energia, e as suas escolhas são as do “piloto automático”, por associação as anteriores pois depende do hábito, influenciada emocionalmente.     


📌 Exemplo prático: quando você aceita um desconto relâmpago sem pensar duas vezes, é a amígdala em conjunto com a dopamina que está te empurrando para a compra.


👉 Leitura recomendada: Daniel Kahneman – Thinking, Fast and Slow


😣Estresse x Tomada de Decisão


Cérebros destacados e a adrenalina e cortisol em vermelho simbolizando o estresse
Destque para a adrenalina e cortisol influênciando para o cérebro estressado

O estresse afeta a capacidade de tomada de decisão. Afeta de maneira que as escolhas ficam mais arriscadas, quem sabe até piore. Pois o estresse quebra o caminho tradicional de comunicação entre o córtex pré-frontal e a amígdala, e aumenta a força das conexões entre a amígdala, striatum e córtex orbitofrontal, o que diminui o autocontrole e a capacidade de análise das consequências a longo prazo.


 Em níveis controlados o estresse agudo (momentâneo) pode até melhorar a tomada de decisão, já que faz com que se reduza as escolhas de forma mais rápida, e porque em situações de perigo, de luta ou fuga, acelera os reflexos. Mas se o estresse é crônico irá desgastar o córtex pré-frontal, prejudicando a memória, atenção e levando a decisões impulsivas. Isso acontece porque a amígdala foi ativada de alguma forma que ela percebeu uma ameaça, pressão, e por isso dispara esse eixo de estresse: adrenalina + cortisol.  


Nesse sistema de estresse é preciso praticar o autocontrole, primeiro sabendo que é o córtex pré-frontal que calcula os riscos, prós e contras, planeja e segura os impulsos, mantendo a cabeça fria. Então, para uma tomada de decisão precisa, levando em conta os fatores externos, aquilo que gera estímulos que afetam o interno (ex. cultura, grupo social), e os fatores internos, aquilo que diz respeito a nossa personalidade (ex. estilo de vida, ocupação), o controle emocional, ou a inteligência emocional faz toda a diferença. Um cérebro sob controle faz com que a razão fique sob domínio e as decisões sejam mais conscientes e mais racionais.


Por mais que amígdala esteja relacionada com a resposta rápida e inconsequente que prejudica a análise racional do ambiente, é também esse circuito que é necessário para emergências, pois o cérbero prioriza a sobrevivência em vez da análise fria.


📌 Exemplo prático: em uma situação de assalto o estresse sequestra a amígdala e faz a escolha de luta ou fuga, agora em uma escolha empresarial onde tem que decidir sobre qual fornecedor deve escolher o estresse controlado lhe permite pensar e avaliar as opções com a racionalidade necessária.


👉 Leitura recomendada: The Paradox of Choice: Why More Is Less – Barry Schwartz


⚖️ Emoção x Razão


Ícone de balança equilibrando coração e calculadora
A necessidade de equilibrar a Emoção e a Razão

A ciência chama esse processo de “duplo sistema” ou dual process theory. De um lado, temos o sistema rápido, intuitivo e emocional. De outro, o sistema lento, analítico e racional. Nem sempre pensar demais leva à melhor escolha — muitas vezes a intuição funciona bem para decisões cotidianas.


Mas quando o assunto envolve riscos ou consequências de longo prazo, é o sistema racional que deve ser ativado, permitindo escolhas mais ponderadas.


No entanto, sem emoção, sem decisão. Pesquisas em pacientes que tiveram lesões no córtex pré-frontal ventromedial (como nos estudos de Antônio Damásio) mostram que, sem a resposta emocional os pacientes eram capazes de entenderem os fatos da situação, mas não conseguem escolher. Quer dizer, além de constatar a importância do córtex pré-frontal no sistema de tomada de decisão, mostrou como no cérebro a emoção e a razão não funcionam em caixinhas separadas – elas trabalham juntas, só que com pesos diferentes, dependendo da situação.


A situação então que irá ditar qual o peso correto para que a razão e a emoção estejam equilibradas para que a decisão correta seja tomada, fuga ou luta, ou repouso e digestão. Com emoção demais, a razão é sequestrada com o medo, estresse ou raiva se sobrepondo e sequestrando a amígdala, reduzindo a atividade do pré-frontal e levando a decisões mais impulsivas. Com razão demais, não há escolha emocional, reduzindo o acesso a memória e aos impulsos do gosto individual sem a influência dos estímulos externas.


Equilíbrio é a chave. Decidir bem é usar a emoção como bussola de valor e a razão como freio e calculadora. A emoção da a cor e urgência à escolha, a razão organiza e sustenta – o cérebro só decide de verdade quando as duas se encontram.  


📌 Exemplo prático: escolher o que vai almoçar pode ser intuitivo, mas decidir se aceita ou não uma nova proposta de trabalho exige análise detalhada.


👉 Leitura recomendada: Artigo sobre dual process theory


🎯 Estratégias baseadas em neurociência para decidir melhor


Infográfico com dicas práticas para decidir melhor
Dicas práticas para decidir melhor

A boa notícia é que existem formas de treinar o cérebro para tomar decisões mais inteligentes.


A primeira e universal é que ao se ver diante de muitas opções de escolha há um aumento de ansiedade, diminuição da tolerância a dor, aumento da dissonância cognitiva, arrependimento e procrastinação. Então, fuja dessa armadilha.


 Algumas delas:


  1. Respire e ganhe tempo – a respiração profunda ajuda a regular a amígdala e dá espaço para o córtex pré-frontal assumir o controle.

  2. Liste prós e contras – quando tiver tempo para decidir, escrever ajuda o cérebro a visualizar melhor as opções.

  3. Use a “técnica do amanhã” – imagine como vai se sentir no futuro com a decisão de hoje.

  4. Aprenda com decisões passadas – analisar o que funcionou e o que não funcionou reforça memórias e melhora escolhas futuras.


📌 Exemplo prático: antes de aceitar uma proposta de trabalho, respire, escreva os pontos principais e se imagine vivendo essa escolha daqui a seis meses. Isso ajuda o cérebro a equilibrar emoção e razão.



🌟 Conclusão


Cérebro iluminado representando o equilíbrio entre emoção e razão
O cérebro necessita do equilíbrio entre emoção e razão, entre o frio e o quente, entre o amor e a calculadora

Decidir bem não é um dom, é um processo que pode ser treinado. Quando você entende como o cérebro equilibra emoção e razão, é possível controlar melhor as armadilhas emocionais, reduzir a impulsividade e construir escolhas mais conscientes.


No fim das contas, usar a neurociência para tomar decisões não significa eliminar a emoção, mas aprender a equilibrá-la com a razão para que suas escolhas sejam mais inteligentes — hoje e no futuro.

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